Me colocar no lugar de arte-educadora é perceber a tanto instante diversos erros e possibilidades que perdi de ter um olhar mais sensível ou proporcionar experiências. Esses erros na maioria das vezes ocorrem por medo, medo da sujeira e de não conseguir limpar depois, medo do caos, medo de não ser validada como responsável e uma boa educadora. Medos. Com tanto medo eu acabo tirando a oportunidade dos meus educandos de experimentarem.
Compartilho hoje a possibilidade que tirei de criar uma grande experiência com aquarela.
Estamos no meio de uma pandemia, a escola está no ensino escalonado, eu não vou para o ateliê, vou para a sala da polivalente, aquele lugar cheio de coisas e objetos que a água não pode tocar. Mas eu estava com sede de uma tinta, os alunos também. É vísivel.
Propus experimentarmos aquarela, a primeira vez do 2º ano usando aquarela. Era muita energia, muita novidade, 30min de aula, não posso sujar, estou sendo filmada. Para otimizar, tirei a oportunidade dos meus alunos experimentarem por si mesmos o funcionamento da aquarela. Eu dei as respostas prontas, eles só precisaram reproduzir. Não passou pela descoberta, foi reprodução.
Que tristeza a minha perceber isso tão tardiamente.
Hoje, se refizesse essa aula, iria sim apontar que não estávamos no ateliê e por isso haveríamos de ter cuidado redobrado, mas, deixaria eles experimentarem, sem orientação. Como fazer a tinta aquarela se espalhar? Como ela saí do estado sólido para o líquido? Quais são as minhas possibilidades?
Deixaria uns minutos de experimentação, sem orientação. Ver qual seria a reação deles, observar sem medo.
Em seguida, questionaria e iria propor uma roda de apresentação das descobertas. Um compartilhando com o outro o que descobriu.
E por fim, poderia mencionar as cores quentes ou frias, cores primárias e secundárias ou qualquer outro conteúdo que tivesse sido programado.
Treinando meu olhar para possibilitar o sensível.